17.12.04

É CARMA?

Não foi por falta de vontade, nem por ausência de incentivo, meu caro amigo Poeta, mas é que em matéria de escrever não consigo ser disciplinada. Não adianta forçar, espremer, fazer pensamento positivo, que não sai. Nem uma gotinha de nada, nem uma frase que faça sentido ou que mereça ser digitada. Pronto, acho que o meu lado escrivinhador é o meu lado rebelde. Não pode ser enquadrado, precisa sentir-se livre para voar onde e quando quiser. Se não for assim, ele apaga-se como se fora um lampião sem gás. Ou, quem sabe, isso é cármico, como diria uma amiga tentando me convencer a aceitar numa boa essas coisas que não consigo explicar? Mas também para que explicar, não é mesmo? Que mania de querer etiquetar tudo, meu Deus! Há coisas que, como meu hábito de escrever, não podemos explicar. Basta viver e, se já conseguimos fazer isso sem sofrimento, já é um grande passo no aprendizado da vida. Acho que preciso modelar "o jeito Nanda de ser" e me deixar conduzir ao sabor das correntes do destino, ora para um lado, ora para outro. Sempre confiando que uma Força Maior a tudo rege com harmonia, bondade e perfeição e, por isso, sempre que desafinamos ou fugimos do rítimo Ela nos mostra através dos conflitos e da dor, que precisamos nos afinar novamente com a orquestra universal. Caso contrário, corremos o risco de ficarmos para trás no andamento da sinfonia da vida.
Liliane

2.12.04

Guerra de Conflitos

Hoje, decididamente, não estou bem! Parece, que como grande parte do mundo, meus conflitos declararam guerra e eu estacionei no meio desse fogo cruzado. Estacionei? E esse lá é lugar pra se estacionar? Mas o pior (ou será melhor?) é que foi justo aí que resolvi ficar. A verdade é que estou mais perdida do que todas essas balas trocadas pra lá e pra cá nessa batalha entre os conflitos. Armados até os dentes eles ameaçam não dar trégua e seguirem adiante alimentados pela munição do medo, da raiva, da frustração e de todos os outros sentimentos reprimidos ao longo dos anos. Como eu não vi os sinais dessa guerra que foi se construindo aos poucos e que agora não pode ser evitada? Sim, porque há guerras que precisam ser travadas para que a paz e a liberdade possam ser conquistadas. Há batalhas que precisam ser encaradas frente a frente para se conquistar seu próprio território, para que simplesmente eu tenha o direito de ser eu mesma, com virtudes e defeitos, sem temer a dor, nem fugir do amor. Dessas batalhas eu não devo me esquivar, pois se assim o fizer, estarei apenas adiando algo que mais tarde a vida há de me cobrar, certamente acrescido com os juros da dor e do sofrimento que tornam tudo mais difícil e penoso. Assim, não devo ficar estacionada, pois corro o risco de ser atingida muitas vezes sem ao menos ter feito algo para resolver a situação. Preciso reconhecer meu território para escolher as estratégias, as armas ou, se for o caso, celebrar um acordo de paz entre as várias partes de mim mesmo que querem me dominar. Dar a cada uma delas o direito de se expressar e de coexistir em harmonia, sabendo que têm a sua missão a cumprir e que não é outra senão a conquista da minha felicidade.


Liliane Freire