19.5.05

CARTA A UM AMIGO DO CÉU


Se você estivesse conosco completaria nesse 31 de maio sessenta e oito anos. No entanto você se foi há nove anos. Ontem sua presença esteve muito forte comigo e pude sentir o quanto você foi e ainda é importante para mim. Sabe, amigos assim não deveriam nos deixar tão cedo! Eu sinto saudade das nossas conversas onde eu bebia suas palavras e elas enchiam meu coração e maravilhavam meu espírito! Você me via por dentro e sabia do que minha alma ansiava. Vendo-me assim, sabia as sementes que eu carregava e soube regar cada uma delas de forma que elas germinaram e cresceram. Você é um jardineiro da alma. Um talentoso bruxo-jardineiro!
Você via através das máscaras e sorria... Isso me desarmava completamente. Ao mesmo tempo em que me apavorava ser revelada tão intimamente, fascinava-me ver como você fazia isso de forma tão natural apenas lendo cada gesto, cada palavra, cada olhar como se eu fosse um livro que se abria à sua frente e você simplesmente lia!
Dessa forma você fez germinar a sementinha do auto conhecimento com o adubo de seus gestos e a água de suas palavras. Uma vez germinada, essa é uma planta que não para de crescer, florir e dar frutos. Você sabia que eu não resistiria, lançou o seu feitiço e eu quis que ele me pegasse. Esse feitiço mexeu e ainda mexe profundamente comigo. Ah, meu bruxo-jardineiro! Aquelas nossas conversas foram um tesouro valioso que enriqueceram minha alma e mudaram profundamente meu ser. Elas me ensinaram tanto sobre mim, sobre a vida e sobre o sentido de viver! Muitas de suas palavras só agora eu posso realmente compreender, pois só agora amadureci o suficiente para compreender-lhes o significado. Mas você também falou disso. Falou que algumas sementes você estaria plantando e só no tempo certo brotariam e eu me lembraria de você e aí seria a minha vez de sorrir. Mais uma vez você estava com a razão. Sempre que algo assim me acontece e me pego sorrindo lembrando de suas palavras, a impressão que tenho é de que você está ao meu lado com aquele sorriso encantador a dizer: “Eu não disse, filha? Pra que tanta pressa, se somente no tempo certo você entenderia?” Mas é que o mundo que você me apresentava era tudo o que eu ansiava por descobrir e isso me fascinava e, daí, a pressa, a vontade de desvendar mais e mais, me descobrir e descobrir esse universo que eu não sabia existir, mas que era tudo o que eu mais ansiava conhecer.
Obrigada, muito obrigada, por tudo que você me presenteou. Muito do que eu sou agora tem a sua energia. O tempo que você dividiu comigo à sombra da nossa castanhola, as lágrimas que você ajudou a enxugar, o carinho e os conselhos do pai-amigo-mestre, o sorriso maravilhoso que me desarmava, quebrava as barreiras e me aproximava de você....

Embora a saudade seja grande, posso sentir sua presença comigo nas árvores que você semeou e hoje já floriram e deram frutos. Quando fecho os olhos posso lhe ver sorrindo, olhando através dos meus olhos, segurando minhas mãos entre as suas e dizendo: “ Deus a abençoe, minha filha!”
Que Deus o abençoe também, meu Mestre, amigo mais que querido e bruxo-jardineiro!

Muitos beijos em seu coração!
De sua amiga evolutiva,
Liliane

4 comentários:

Anônimo disse...

Lili,

1. que homenagem linda! Quem é esse bruxo jardineiro?

2. Que mania doida é essa de dizer que "estou me perdendo do seu coração"?

No aguardo de suas respostas.

Beijos grandes

Rodrigo

Anônimo disse...

Muito lindaaaaaaaaaa a homenagem.
que DEUS o proteja..

Monica disse...

muito dedicada....muito lindo mesmo.fique c/ Deus.

Fátima disse...

Bom Dia Liliane,

vim conhecer seu blog...Maravilhoso!
que sensibilidade...delicadeza..é estímulo pra não "interrompermos a jornada, às vezes tão pedregosa, rumo à nós mesmos.
Obrigada.
Fátima Rossi